Seja bem vindo.

A verdade pragmática é aquilo que é real de um sistema de valores, mas como verdade e realidade não são sinônimos, buscaremos, a partir da nossas verdades e realidade, trazer textos sobre tudo. Este blog também abordará assuntos acadêmicos referentes à psicologia e comunicação institucional. E com o tempo esperamos adicionar mais assuntos através de outros colaboradores.



terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Pregador em terras ímpias


Ilustração:ocontornodasombra.blogspot.com
  "Estou deitado em uma cama de pedra, em um casebre de paredes rústicas, ah! doeu quando disse 'rústicas'".

 "Estou ensanguentado, feridas horríveis provocadas por palavrões horrorosos. Minha carne está exposta. Estou entre a vida e a morte. Só um milagre pode me salvar, só um santo pode me salvar".

 "Como bom apóstolo, fui pregar em meio a terras ímpias. Comecei dizendo: ' Não devemos nos atrelar somente com a linguagem usual, e sermos receptivos apenas com as reformulações baratas de escritas oriundas dos meios de comunicação modernos e pelo estrangeirismo. Devemos olhar para a vastidão pujante de nossa língua, e não nos envergonharmos em utilizar palavras que não são costumeiras nos canais de comunicação, e por não estarem, receberem o tratamento de caducas e mortas. Caducos e mortos, são aqueles que enxergam nos livros, apenas um entretenimento, e não uma ferramenta de ampliação de seu vernáculo'".

 "Dito isso, uns me dispararam: ' O que você nos diz é apenas um 'modo de se achar'', 'nem os professores entenderiam estas frases', 'são palavras da época do meu avô', 'você parece um velho'"

 "Cada uma dessas palavras me atingiram, foram jogadas por uma multidão, me acertando na cabeça, e pelo resto do meu corpo."

 "Não sei como cheguei no casebre, me lembro que alguém me colocou em um jumento, que me trouxe para cá. Estou muito fraco"

 É assim como me sinto as vezes, quando vou realizar trabalhos escritos, e preciso de aprovação de outras pessoas. Me sinto pregando em uma terra estrangeira, devassa. Uns não concordam quando utilizo palavras pouco usuais, que a meu ver, nem são tantas, e até simplórias. Considero o mínimo que uma pessoa deveria conhecer e utilizar. Percebo, que muitos de minha geração, (felizmente, outros tantos aprovam e até incentivam), são relutantes em utilizar certos termos, por temerem serem taxados de NERDS, antiguados, ou até serem considerados "exibicionistas", e temerem que os outros os acusarão de procurarem se diferenciar forçosamente. E que, de fato, muitos as recebem desta forma. O que demonstra um verdadeiro preconceito, além de sinalizar o quanto as pessoas são influciáveis, e desprovidas de personalidade.

 Não sou a favor, que de maneira oral, certas palavras há muito não utilizadas, sejam usadas, por que de fato, a língua é mutante, e muitas palavras "nascem" e "morrem", e não compreender isso, pode prejudicar no processo de comunicação. Mas na escrita, as palavras que não sofreram alterações ao longo do tempo, não "morrem", a escrita somente reproduz, ampliando a sua riqueza.

 A questão para se refletir é a seguinte: Devemos adequar a nossa escrita aos padrões estáticos, alimentado apenas pelas baboseiras eletrônicas, ou expressões e gírias da Tv, da mais absoluta falta de conteúdo, ou devemos adequar a nossa escrita para os padrões acadêmicos, exigidos nas escolas e empresas que sonhamos, em busca de um futuro digno? A linguagem de bar ou a linguagem acadêmica?

 Vocês que sabem, como bom fiel, continuarei com a minha pregação, não importa quanto sangue perca, sei que serei recompensado, tenho fé. "Ou será que é hora de partir? Estou tão fraco. Tão fraco. Mas eis que surge uma luz, uma figura se aproxima. Tem barba, usa óculos, e está com um livro na mão. Ele passa este livro sobre o meu corpo, me curando de todas as impurezas provocadas pelos impropérios. Não. Não é a hora de partir, obrigado por sempre me revigorar, você e seus amigos, Bruxo do Cosme Velho"

Nenhum comentário:

Postar um comentário