Imagem: opiniaotriunfodigital.blogspot.com |
Os repórteres estão com os olhos esbugalhados, a baba escorre no canto da boca sem ser notada, os ouvidos ouvem preces de mentes inquietas para que ouçam cada bactéria se movendo.
Jovens embriagados de adrenalina e indiferentes ou até inconscientes da tragédia humana que se desenvolverá, esfregam os dedos esperando o confronto, igual ao do videogame.
O inimigo sempre gostou de ostentar o seu poderio e confirmar a sua autoridade no pedaço. Uma derrota vergonhosa como a que ocorrera no dia anterior, não seria tolerada de forma alguma...
Não. Limpe a baba repórter, aqui está o lenço, por favor. Filho, saia de frente da TV e vá pegar um pouco de sol, sua pele está ficando verde. Quanta munição você gastou soldado? Como?!
Foto: oglobo.globo.com |
Isso mesmo. O confronto mais anunciado e aguardado dos últimos tempos no Rio de Janeiro, não existiu. Tudo correu de maneira tranquila, lembrando que o "tranquilo" para um oficial do BOPE, não é o mesmo tranquilo que estamos habituados. Houve uma estranha resignação. Mas será que tal resignação é tão estranha assim? Vamos refletir.
Pela primeira vez em muitos anos, os representantes do Estado se encontraram com armamento mais destrutivo do que os traficantes, e com uma arma letal, o apoio massiso da população, que não lamentaria nem um pouco um eventual massacre. Mesmo com a topografia do lugar a favor, seria um suicídio um combate direto, pois armas e circunstância os fazem uma causa perdida, e não mais vítimas de um "sistema", o que não quer dizer que é verdade, mais é o sentimento geral.Porém não é do feitio de criminosos se renderem brandamente mesmo sendo impossível uma vitória. A não ser que a suposta "derrota" não seja tão grave assim.
E fora medindo o golpe que os chefes de tráficos calcularam as suas ações a meu ver. Pensaram: "Seremos presos, logo seremos soltos". A jogada fora se render para usar as brechas do sistema carcerário e do código penal para fugirem e se estruturarem novamente, mas provavelmente em outro distrito. Teoria plausível ao se constatar que os chefes de tráfico em presídios de segurança máxima, conseguem se comunicarem o suficiente para ordenar um ataque contra a cidade. Imaginem a segurança dos presídios comuns. Lembrando da progressão da pena, o indulto dos feriados, a corrupção. Os meios de fugas são abundantes proporcionalmente aos de prisão, tornando a cadeia frágil, muitas vezes inútil.
Foto: gestaoemrecursoshumanos.blogspot.com |
O que me preocupa agora, são as cidades do interior, de qualquer Estado aliás, pois duvido que se refugiarão apenas em São Paulo e Espírito Santo, devido a exposição na mídia desta possibilidade. As cidades do interior geralmente são mais pobres de recursos e de atenção da imprensa, tudo que estes traficantes precisam para impor as suas leis novamente ou simplesmente "trabalharem" vendendo porcaria para os de excesso de realidade.
Nesta pós-modernidade louca, até o motivo de ser da cadeia fora subvertido, oferecendo uma piada tragicômica para os nossos avós: "A liberdade se encontra na cadeia".
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