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A verdade pragmática é aquilo que é real de um sistema de valores, mas como verdade e realidade não são sinônimos, buscaremos, a partir da nossas verdades e realidade, trazer textos sobre tudo. Este blog também abordará assuntos acadêmicos referentes à psicologia e comunicação institucional. E com o tempo esperamos adicionar mais assuntos através de outros colaboradores.



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Liberdade se encontra na cadeia

Imagem:  opiniaotriunfodigital.blogspot.com
 Mãos firmes segurando armas pesadas, coletes, capacetes, munição em seus devidos lugares. A fuga desesperada do inimigo no dia anterior ainda está na lembrança, o clamor positivo do público gera uma certeza, uma batalha sangrenta começará.

 Os repórteres estão com os olhos esbugalhados, a baba escorre no canto da boca sem ser notada, os ouvidos ouvem preces de mentes inquietas para que ouçam cada bactéria se movendo.

 Jovens embriagados de adrenalina e indiferentes ou até inconscientes da tragédia humana que se desenvolverá, esfregam os dedos esperando o confronto, igual ao do videogame.

 O inimigo sempre gostou de ostentar o seu poderio e confirmar a sua autoridade no pedaço. Uma derrota vergonhosa como a que ocorrera no dia anterior, não seria tolerada de forma alguma...

 Não. Limpe a baba repórter, aqui está o lenço, por favor. Filho, saia de frente da TV e vá pegar um pouco de sol, sua pele está ficando verde. Quanta munição você gastou soldado? Como?!
Foto: oglobo.globo.com

 Isso mesmo. O confronto mais anunciado e aguardado dos últimos tempos no Rio de Janeiro, não existiu. Tudo correu de maneira tranquila, lembrando que o "tranquilo" para um oficial do BOPE, não é o mesmo tranquilo que estamos habituados. Houve uma estranha resignação. Mas será que tal resignação é tão estranha assim? Vamos refletir.

 Pela primeira vez em muitos anos, os representantes do Estado se encontraram com armamento mais destrutivo do que os traficantes, e com uma arma letal, o apoio massiso da população, que não lamentaria nem um pouco um eventual massacre. Mesmo com a topografia do lugar a favor, seria um suicídio um combate direto, pois armas e circunstância os fazem uma causa perdida, e não mais vítimas de um "sistema", o que não quer dizer que é verdade, mais é o sentimento geral.Porém não é do feitio de criminosos se renderem brandamente mesmo sendo impossível uma vitória. A não ser que a suposta "derrota" não seja tão grave assim.

 E fora medindo o golpe que os chefes de tráficos calcularam as suas ações a meu ver. Pensaram: "Seremos presos, logo seremos soltos". A jogada fora se render para usar as brechas do sistema carcerário e do código penal para fugirem e se estruturarem novamente, mas provavelmente em outro distrito. Teoria plausível ao se constatar que os chefes de tráfico em presídios de segurança máxima, conseguem se comunicarem o suficiente para ordenar um ataque contra a cidade. Imaginem a segurança dos presídios comuns. Lembrando da progressão da pena, o indulto dos feriados, a corrupção. Os meios de fugas são abundantes proporcionalmente aos de prisão, tornando a cadeia frágil, muitas vezes inútil.

Foto: gestaoemrecursoshumanos.blogspot.com

 O que me preocupa agora, são as cidades do interior, de qualquer Estado aliás, pois duvido que se refugiarão apenas em São Paulo e Espírito Santo, devido a exposição  na mídia desta possibilidade. As cidades do interior geralmente são mais pobres de recursos e de atenção da imprensa, tudo que estes traficantes precisam para impor as suas leis novamente ou simplesmente "trabalharem" vendendo porcaria para os de excesso de realidade.

 Nesta pós-modernidade louca, até o motivo de ser da cadeia fora subvertido, oferecendo uma piada tragicômica para os nossos avós: "A liberdade se encontra na cadeia".

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