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A verdade pragmática é aquilo que é real de um sistema de valores, mas como verdade e realidade não são sinônimos, buscaremos, a partir da nossas verdades e realidade, trazer textos sobre tudo. Este blog também abordará assuntos acadêmicos referentes à psicologia e comunicação institucional. E com o tempo esperamos adicionar mais assuntos através de outros colaboradores.



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Corra que a imprensa vem aí!


Ilustração: apartamento22.wordpress.com/page/4/

Ultimamente estamos torcendo para que nada ocorra, tudo fique quietinho, bem escondidinho no seu lugar. Vai que a imprensa descobre algo e começa a encher o nosso saco dias a fio. Foi assim com o caso Isabela, Mércia, Bruno e Rio.

 Competitividade geralmente não é ruim para o telespectador, ouvinte, internauta e leitor. Vários orgãos de imprensa atuando e surgindo é muito saudável para um Estado democrático e para o acesso a informação, mas a desorganização e a batalha pela sobrevivência/audiência é danosa para o público final.

 Primeiro que o número de veículos cresceu absurdamente a partir da década de 90 e com o acréscimo do surgimento da internet em larga escala, chegou ao ponto de os próprios jornalistas se atrapalharem para obter uma informação. As coletivas de imprensa são um pandemônio, uns interrompendo ou sobrepondo a pergunta do outro, e interrompendo as vezes o próprio entrevistado. Aglomeração excessiva, empurra-empurra, que impede do cinegrafista de filmar, do fotógrafo de fotografar, do repórter de entrevistar e do entrevistado de responder. Isso acarreta em informações vagas, genéricas, quando há informações.
Geralmente as entrevistas coletivas,(digo daquelas sem palanque), servem apenas para uma foto ou imagem de manchete, pois são redundantes ou pouco relevantes, pois que os próprios jornalistas não conseguem fornecer um ambiente adequado.

Foto: josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

Segundo: a disputa pela informação chegou a um extremo, que os jornalistas, principalmente os televisivos, ultrapassam os limites, ao ponto de se tornarem parte da informação e não apenas emissores dela. Um exemplo bem ilustrativo ocorreu no caso Isabela. O acusado deveria se locomover da casa do pai para a delegacia,(confesso que não lembro se para um novo depoimento ou para ser encarceirado para dar prosseguimento ao caso), e para isso receberia a escolta policial. Os jornalistas se entrincheiraram em frente a casa do acusado, e assim que o portão foi aberto para a saída do primeiro carro da escolta, os jornalistas invadiram a propriedade, cercaram o carro de Nardoni e o impediram de avançar, obrigando a escolta a retroceder, expulsá-los, fechar o portão, e repensar uma forma de executar uma tarefa simples, ocasionando atraso no prosseguimento do caso e de liberação de informações mais importantes e relevantes do que qualquer uma que o acusado proferisse nessa ocasião. Uma vez que a sociedade pede respostas rápidas para um crime dessa natureza, a imprensa se mostrou um empecilho, sendo que o seu papel é exatamente o oposto.


 Terceiro: a luta selvagem pela audiência acaba por fazer os veículos de informação dissecarem incessantemente qualquer caso que tenha alguma repercussão para prender a audiência, reduzindo a cobertura jornalística a um bestiário minucioso com informações do tipo:" Alexandre levantou, tomou café da manhã, comeu pão, bolachas e...", ao invés de uma cobertura sóbria que se paute pela relevância dos fatos e não pela exploração deles.

 Uma concorrência tão grande não faz sentido se a semelhança de como é tratado as informações pelos orgãos de imprensa são múltiplos. O mundo não para por causa de um grande acontecimento, e se uma grande mídia não garante a diversidade da informação, ela é um despropósito. E cabe a nós procurar esquivar-mos da enxurrada de informações, muitas vezes supérflua de um mesmo assunto, por causa de negócios de terceiros, saturando o assunto, nos incomodando, invadindo as nossas casas, (pois as transmissões são interrompidas a qualquer hora), evidenciando a incapacidade de se criar outras pautas, novamente, enchendo o nosso saco!

 2010, eu só lhe peço uma coisa: acabe silenciosamente, por favor.

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